sexta-feira, 7 de março de 2014

Não queremos flores, queremos espaço!


Uma das principais características do capitalismo é transformar tudo em mercadoria. Mesmo bens comuns, etéreos, são mercadorias, como o singelo contemplar de uma paisagem. Nada escapa a sanha do lucro. Tudo é condicionado para garantir o rodar do sistema.
O 8 de março não escapa desta realidade. Uma data que surgiu a partir da luta dos trabalhadores é vulgarizada e transformada em mais um momento de consumo. A história aqui, mais uma vez, foi distorcida e, coincidentemente ou não, se ajustando grotescamente aos interesses do capital.
Segundo vários pesquisadores, sendo a referência a canadense René Contê, a história contada para o surgimento do 8 de março a partir de um incêndio com mortes nos EUA nada mais foi do que uma tentativa de desvio da origem verdadeira. De acordo com estes pesquisadores, o 8 de março surgiu a partir das manifestações dos trabalhadores na Europa exatamente no fim do inverno, quando a escassez de alimentos era muito grande. Foram essas manifestações, protagonizadas pelas mulheres nos “panelaços”, o estopim para a Revolução Russa em 1917.
A versão imposta faz o movimento de retirar do centro do foco a Revolução Russa e colocar o próprio Estados Unidos. A “invenção” da cor lilás, diz o historiador Vito Gianotti, tem por objetivo retirar a cor vermelha, dos comunistas, da ordem de significantes visuais.
Mas mesmo todas estas manobras não impedem o rodar da história. A realidade da vida é muito mais poderosa que as ficções no papel e nem as mulheres nem os homens deixaram de lutar e sonhar com uma sociedade justa e igualitária. Nós não precisamos de ícones, símbolos ou heróis para nos movermos: só precisamos existir.

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