quinta-feira, 31 de outubro de 2013

“Não sois máquinas! Homens é que sois!”


Charles Chaplin, O Grande Ditador, 1940
Encontramos no Facebook a postagem de uma suposta redação do ENEM. O texto que acompanha e justifica a postagem lamenta a, digamos, “limitação intelectual” da estudante. Diz sentir-se envergonhado.
Nós observamos outra coisa ali: a massificação da cultura consumista através do ENEM. Terá sido coincidência o debate sobre o automóvel, a mais importante indústria do planeta? Isso não constrói o automóvel enquanto cultura incentivando seu consumo (associa o automóvel a algo bom, a responsabilidade)? Não justifica a privatização do petróleo brasileiro e o legitima ainda mais como fonte de energia? Talvez no lugar onde a menina mora nem mesmo existam automóveis e o seu problema real seja a seca. Doeu ver a distância das políticas de educação brasileira com a realidade e a diversidade de seu povo.
Talvez o maior desafio dos trabalhadores em educação neste período histórico seja a resistência a transformação da educação em mera mercadoria reprodutora dos meios de produção capitalistas. Esta visão está expressa nas políticas públicas dos governos, nas três esferas, e é legitimado, inclusive, por parte da “academia”. O Secretário de Educação, Beto Carabajal, por exemplo, no seu trabalho de Mestrado em Educação defendeu o projeto "Tem Gente Atrás da Máquina", de educação profissionalizante da empresa Azaléia. No nível federal, o Pronatec, programa de educação profissionalizante, cumpre o papel de financiar estes cursos, em sua maioria promovidos pelas organizações de classe patronais (FIERGS, FIESP, Confederações). Ou seja, plenamente a serviço dos interesses econômicos do capital.
Na educação “tradicional”, o PNAIC, programa de capacitação de professores, também mostra seu caráter massificante ao reproduzir uma única realidade para o Brasil. O programa não dialoga com as diferenças culturais brasileiras. É uma imposição, agredindo a autonomia pedagógica.
E por ser uma necessidade do capital, e não uma construção social da maioria, estas políticas devem ser impostas sem discussão. É o que a Administração Municipal faz, como gestora final das políticas de educação.

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