segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Quem faz a diferença na educação é o docente, diz professor sobre verbas para a área

Brasil, 12 de agosto de 2013
Uma creche, com a mensalidade em torno de R$ 500, parece ser um valor absurdo? Para algumas regiões do País, este valor pode ser um pouco alto, mas para outra parte não. Este valor seria o ideal para manter uma escola infantil de qualidade, segundo exemplo citado pelo professor José Marcelino de Rezende Pinto, professor de política educacional no campus de Ribeirão Preto da USP (Universidade de São Paulo), após um estudo realizado por ele.

Mas este valor tem de ter uma finalidade. Quando se fala em custo de um aluno, diversas questões estão envolvidas — desde a infraestrutura, até salários, passando por refeições e materiais escolares.

O docente, que também é presidente da Fineduca (Associação Nacional de Pesquisa em Financiamento da Educação), defende que a proposta de direcionamento das receitas do pré-sal para a educação tenham um foco específico. Este foco é o professor, o profissional da educação.

— É preciso dar um choque na profissão. Você colocar piscina, quadra nas escolas do Brasil não é um gasto muito caro quando se vê o valor/aluno. Agora, 85% do que se gasta com educação vai para salários, isso no mundo inteiro. Isso não tem jeito, por isso é que é preciso mais dinheiro.

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O valor estimado que pode ser destinado para a educação até 2022 com as receitas do petróleo chega R$ 279 bilhões. Mas para uma melhoria da qualidade do ensino, Marcelino defende que o salário seja pelo menos o dobro do atual, para que a carreira se torne mais atraente.

— É preciso que quando haja um concurso para professor, se tenha tantos candidatos por vaga quanto em um vestibular para jornalismo, engenharia. Essa é a minha hipótese. Há um consenso no mundo inteiro: o professor é quem faz a diferença.

Aquele valor, de R$ 500 por mês por criança na creche, que o professor Marcelino levantou, citado no começo da reportagem, não é aleatório. O MEC (Ministério da Educação) também possui uma pesquisa própria, o CAQi (Custo Aluno Qualidade inicial), que define o padrão mínimo a ser investido por aluno para que a educação seja de qualidade no País.

Os alunos das creches representam os investimentos com valor mais elevado, com o custo aproximado de R$ 6.000 ao ano, segundo levantamento feito com dados de 2008. Um aluno do ensino médio deveria custar em torno de R$ 2.200 ao ano, em contrapartida.

Para o professor Marcelino, este valor seria bem maior já em 2016. Um estudante do ensino médio naquele ano deverá custar R$ 4.200 ao ano para ter um ensino de qualidade. E não é só de salário e construções que o professor Marcelino se refere em seu levantamento.

— Os insumos nas escolas brasileiras são uma vergonha. Menos de 10% das escolas brasileiras tem um laboratório de ciências. Isso faz parte deste conceito [de melhoria do ensino].

Sobre as instalações, ele questiona que não basta as infraestruturas existirem apenas se não forem operadas devidamente.

— Para o menino de classe média, ter uma biblioteca na escola talvez não faça diferença, agora, para uma criança pobre, que a família não tem livro em casa, sim. Agora, não basta ter a biblioteca, ela tem de funcionar.

No País, 23% das escolas rurais não possui energia elétrica. Outros 75% não tem biblioteca, e 98% não conta com laboratórios de ciências.

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