quarta-feira, 16 de junho de 2010

CCJ do Senado aprova Estatuto da Igualdade Racial, mas retira cotas

Com requerimento de urgência, projeto poderá ser votado em plenário.Relator tirou do texto possibilidade de reserva de vagas para negros.

Eduardo Bresciani Do G1, em Brasília

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou nesta quarta-feira (16) o Estatuto da Igualdade Racial. O texto que sai da comissão, no entanto, suprime do projeto a definição de cotas para negros em diversas atividades.

O senador Paulo Paim (PT-RS) pretende apresentar nesta tarde um requerimento assinado pelos líderes para dar urgência ao projeto. Com isso, ele poderá ser analisado direto no plenário, sem precisar passar por outras comissões.

A votação foi por unanimidade, apesar de as senadoras Serys Shlessarenko (PT-MT) e Lúcia Vânia (PSDB-GO) terem feito ressalvas quanto a retirada das cotas. No texto que veio da Câmara havia a previsão de cotas para negros em universidades, empresas e candidaturas políticas. No caso das empresas, a cota se daria por meio de incentivos fiscais à empresa.

O relator do projeto e presidente da CCJ, Demóstenes Torres (DEM-GO), é contra as cotas e retirou a reserva de seu texto. Ele afirma que a intenção é que o Estatuto não crie enfrentamentos.

Outro ponto questionado no relatório de Demóstenes é a retirada do texto da previsão de atendimento específico na rede pública de saúde para a população negra. Serys foi uma das mais veementes contra essa decisão do relator. “Discordo de ter suprimido isso. No parto morrem seis vezes mais mulheres negras do que brancas, a hipertensão e anemia falciforme são doenças que atingem mais os negros e precisam ter tratamento específico”.

Apesar das ressalvas, o projeto foi aprovado. Ele tem como intenção promover políticas públicas de combate à discriminação e igualdade de oportunidades. Existe também a previsão de políticas afirmativas para a raça negra.

Ao final da votação, alguns integrantes do movimento negro protestaram contra o resultado. Gritando palavras de ordem como “vergonha” e chamando os senadores de “traidores” eles deixaram o plenário reclamando das mudanças feitas no projeto.

Fonte: http://g1.globo.com/politica/noticia/2010/06/ccj-do-senado-a...

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