terça-feira, 13 de outubro de 2009

QUANDO EU ACHEI QUE CONSTRUIRÍAMOS UMA CIDADE DEMOCRÁTICA...

No início da campanha em 2008, fiquei observando as alianças que o Partido dos Trabalhadores escolheu. Incomodava-me a idéia de chegar lá a qualquer custo, porque o custo sempre acaba sendo alto demais. Observei os ataques à administração anterior e como se falava em DIREITO, DEMOCRACIA, RESPEITO, TRABALHO, RESPONSABILIDADE, AUTORITARISMO.


O discurso de campanha e as alianças do Partido dos trabalhadores, aliada a vontade de mudança da população, venceram a eleição. Então, o Partido dos Trabalhadores, na pessoa do Sr. Tarcísio Zimmermam, chegou lá. Mas a que custo?


Apenas posso falar do que acompanhei na Secretaria da Educação. Já nos primeiros dias, todos nós percebemos o descompasso entre discurso e ação e passamos a acompanhar, atordoados, coisas que nunca sonhamos em ver, principalmente, por parte de um partido que se diz dos trabalhadores. Dentro de cada Secretaria, há funcionários técnicos que já passaram muitas gestões e fazem seu trabalho com muita responsabilidade e entendem muito bem do que estão fazendo. A primeira coisa que aconteceu foi um “enchimento” de pessoas que “não sabiam o que iam fazer, mas vinham somar com o companheiro”. Algumas dessas pessoas tinham mais poder que outras, e com este poder humilharam muitos dos que estavam lá. Nós vimos o PT perseguir pessoas. Nós vimos pessoas chorarem humilhadas por aqueles que entravam cheios de democracia.


Se o início foi assim, imaginem a seqüência disso. Hoje vejo um grupo de pessoas que trabalham na secretaria de Educação desmotivadas e desacreditadas, que não sabem de nada, que não podem resolver nada, que sempre precisam esperar a palavra de um secretário que desconhece os detalhes do trabalho escolar, da realidade das escolas, que só se preocupa em carregar a bandeira de uma gestão democrática que vai acontecer por milagre depois de uma eleição.


Então entendi que o PT criou uma idéia própria de democracia, diferente de diálogo, ou de participação, ou de respeito: democracia é fazer como a gente acha que deve ser, porque nós sabemos o que é o melhor.


Hoje nosso prefeito propõe acabar com o nosso Plano de carreira, colocar todos os funcionários públicos como uma categoria em extinção, e nós, feito dinossauros após a queda do meteorito, vemos anos e anos de trabalho fossilizarem-se numa promessa vaga: nada acontecerá com vocês.


Acontecerá sim senhor prefeito! Viraremos fósseis velhos e representaremos um tempo antigo em que o “funcionalismo público” estava acabando com as finanças da Prefeitura, um tempo de desperdício do dinheiro público. Nossa reputação já está manchada perante a sociedade que acredita ser nossa culpa, não da má gestão dos recursos em administrações anteriores, que fez o município estar onde está.


Por que Sr. Prefeito? Porque o senhor não nos chamou, não nos disse do problema, não nos perguntou como poderíamos ajudar, não nos chamou pra luta e nos ensinou o que é ser democrático? Por que o senhor não perdeu um pouco de tempo conosco, nos ouvindo, nos ensinando, num debate aberto e sincero. Talvez nós não estivéssemos tão magoados, talvez nós pudéssemos ter idéias inovadoras, talvez a gente acreditasse que somos importantes e fazemos este município funcionar. Se pudéssemos ter acreditado que o Sr. Tarcísio Zimmerman falava sinceramente isso pudesse ter nos transformado e chamado para a luta, para o “bom combate”, para aquela construção de um sonho de cidade, na qual queremos viver.


Eu sei Sr. Prefeito que isso é muito difícil e o Sr. precisa de uma resposta RÁPIDA para os problemas imediatos da sua gestão. Que pena! !! Que pena que sua solução veio de gabinete e que a “economia” que acontecer agora, será logo, logo gasta em projetos superfaturados ou embolsada em propinas e vantagens. E isso vai acontecer, Sr. Tarcísio não porque o senhor queira, mas porque não se muda mentalidades por decreto. Se hoje, o Sr. acha que o funcionalismo público tem privilégios é porque sempre usaram nosso espaço com cabide de empregos.


O Sr. vai tirar dinheiro da nossa folha de pagamento e ele será desviado depois em negociatas escusas. Vai ser assim, porque o Sr. não perdeu tempo conosco, não perdeu tempo para mostrar que o funcionário público é o guardião da cidade, é aquele que deve fiscalizar, que deve ter honra de denunciar os desmandos de Chefes políticos negligentes, que deve zelar pelo dinheiro público.


Ou será que o Sr. não sabe que cada funcionário, nos muitos anos que trabalha na prefeitura, já viu, e muitas, falcatruas feitas por Ccs postos lá por um partido ou outro? Quantos funcionários técnicos que sabiam o que faziam tiveram que ficar quietos quando um CHEFE que não sabia de nada os mandava fazer bobagens??? E se não fizesse??? A corda sempre arrebenta do lado mais fraco, não é? Perseguições!!! Todos nós sabemos de um ou mais casos de funcionários que foram jogados de um lado para o outro porque não concordavam com as CHEFIAS POLÍTICAS.


Que pena!! Que pena, Sr. prefeito, ter desperdiçado a chance de mostrar que tudo isso podia ser diferente. Que podíamos acreditar na possibilidade de fazer parte deste sonho de cidade que sua campanha dizia ter. Mas nós somos gado de corte, prontos para mais um abate. E é assim que o senhor nos trata.


Que pena!! Que pena, Sr. prefeito que nós não tenhamos mais orgulho de lhe encontrar nos corredores da Prefeitura, de lhe apertar a mão e tentar dizer, estamos com você para juntos construirmos uma cidade melhor. Que pena que o Sr. acha que pode governar sozinho, por decretos e leis, sem gente para fazer o trabalho pesado, porque leis não se cumprem sozinhas...
Hoje somos “fora da lei” porque lutamos pelo que consideramos nossos direitos, teremos o ponto cortado, e nossas chefias nos pressionarão para que fiquemos quietos mais uma vez. Tudo isso feito pelo Partido dos Trabalhadores, por aqueles que acreditam saber o que é democracia.


Que pena que o Senhor não pode nos ensinar o que é democracia, porque também não sabe.


Quando achei que construiríamos uma cidade democrática..., eu estava errada!

Professora da Rede Municipal de Educação de Novo Hamburgo

9 comentários:

Decepcionada! disse...

É querida colega, não sei o que está acontecendo. Sempre fui uma mulher politizada, de fazer campanha mesmo, e fiz campanha para essa gestão. Hoje tenho que pedir DESCULPAS para as pessoas que conheço, não tenho nem o que falar! O pior é ver a Educação de NH tão valorizada nacionalmente ruir completamente nas mãos de pessoas que não estão preocupadas em qualidade, essas pessoas estão preocupadas em aparecer.
Ouvi da boca de uma pessoa bem chegada do novo secretário que não estava muito preocupada com sua fama dentro da rede e nem preocupada com que estava acontecendo pois, em menos de três anos estará aposentada! Precisamos de pessoas que pensem no nosso futuro, e não em aparecer! Que vergonha! PT outra vez em NH JAMAIS!!! Pessoal o TARSO GENRO vem ai... e NH dirá a sua resposta!! Vergonhoso o que está acontecendo!

Anônimo disse...

Parabéns colega! Não é preciso acrescentar mais nada ao seu comentário. Ele demonstra claramente o que aconteceu e está acontecendo na Prefeitura e na Secretaria de Educação. Você não exagerou e nem aumentou nada, eu também presenciei os mesmos momentos de terror e perseguições... E o pior de tudo, é que muitos destes CHEFES, infelizmente, são "colegas" professores concursados... Meu sentimento atual é de tristeza profunda...

Pedro disse...

Fico admirado de ler que pessoas militantes não terem percebido o que estavam criando. Não posso acreditar que em tantos anos ninguém percebeu o que poderia acontecer caso o Tarcísio fosse eleito. Foram anos ouvindo a militância dizer que o cara era bom, que era o cara que transformaria Novo Hamburgo. Democrático, solidário, etc. Se rasgavam em elogios. O que houve? Atualmente só se vê Ccs defendendo esta administração, ops, defendendo o seu salário. POis quem é militante e não é Cc tem ficado de fora, não dá para defender o indefensável. Tem petista vermelho de vergonha.
Pedro

Fabiana Aparecida da Silva disse...

Paulo Freire nos ajuda a
refletir: "O professor autoritário, o professor licencioso, o professor competente,
sério, o professor incompetente, irresponsável, o professor amoroso da vida e das gentes, o professor mal amado, sempre com raiva do mundo e das pessoas, frio, burocrático, racionalista,
nenhum desses passa pelos alunos sem deixar sua marca. Daí a importância do exemplo que o
professor ofereça de sua lucidez e de seu engajamento na peleja em defesa de seus direitos, bem como na exigência das condições para o
exercício de seus deveres."

Anônimo disse...

Parabens Colega por definir tão bem a situação pelo qual nós professores e funcionários vivemos hoje.Sou aposentada mas vou continuar lutando por uma educação de qualidade que quero para comunidade de Novo Hamburgo.

Anônimo disse...

Mas o que faz a qualidade da educação é o dinheiro que vem desse plano de carreira ou é a vontade de trabalhar de quem entra em um concurso público? Professor só trabalha por dinheiro?

Desculpe disse...

Caro Pedro, realmente quem é militante nada percebeu! Aliás, parece que eu estava em transe por acreditar nesse governo autoritário! Acreditei inclusive nas palavras do secretário na aula inaugural. Será pecado isso?? Acreditar na esperança, no novo, no diferente, no ético?? MEU DEUS, o que vou dizer para meus futuros filhos? Que fui pecadora por acreditar na pseudo-esquerda? Só posso dizer para vc Pedro, desculpas! Desculpas por fazer campanha, por acreditar, por SONHAR!

Ana disse...

SERÁ QUE UM OUTRO MUNDO É POSSÍVEL? O TARCÍSIO E O BETO ESTÃO NOS MOSTRANDO QUE NÃO.
ANA

Anônimo disse...

Invito a todos (como falaria um castelhano...) a pesquisar na internet http://www.umanovaera.com/conspiracoes.htm
lá encontrarão pérolas como:
"Aquele que não conhece a verdade é simplesmente um ignorante, mas aquele que a conhece e diz que é mentira, este é um criminoso"
Após ter lido os comentários de vcs. vermelhos (não pelo Inter e sim pelos PaTrões que ajudaram a colocar lá)...retirei esta declaração que resume a verdade:
" parece que eu estava em transe por acreditar nesse governo autoritário"
Qual será o próximo passo?
Ajudar a colocar a camarada "D" lá NO topo?
...para DEPOIS simplesmente dizer (de novo)
"parece que eu estava em transe por acreditar nesse governo autoritário"